31 de março de 2009

FESTAS DO ESPÉRITO SANTO

Nos Açores, predominava a religião católica.
No início do Verão, faziam-se – e ainda hoje se fazem - por toda a Região dos Açores, as festas em louvor do Divino Espírito Santo.
Em São Caetano, a juventude, esperava pela terça-feira do Espírito Santo, dia das bonitas rosquilhas de massa sovada, na altura o maior império da Ilha do Pico. Era também pelo Espírito Santo, que as moças deitavam os seus vestidos novos, e os rapazes, quando calhava o seu fato novo ou sapatos. Uma semana antes, preparava-se a festa. Colocavam-se as bandeiras desde o adro da Igreja até ao cimo do alto, pelos dois lados do caminho. Armava-se a tribuna onde viriam tocar lindas modas, as filarmónicas das Setes Cidades, Madalena e a das Lajes do Pico, e cobriam-se de verduras. Armavam-se as barracas, onde se haviam de vender os bons petiscos e mariscos – eram as favas cozidas com aquele famoso molho picante, os torresmos e costeletas de porco, lapas, caranguejos, etc., acompanhados do bom vinho do Pico.

A PROCISSÃO

À tarde, saía a procissão a fazer a recolha das rosquilhas.
As pessoas que “davam pão” (as rosquilhas), colocavam os açafates de vimes brancos bem trabalhados, cobertos com lindas toalhas de renda e ou linho bordado, feita pelas mãos das mulheres da freguesia, com normalmente trinta e seis lindas rosquilhas de massa sovada com cerca de um quilo cada. Ao portão, aguardavam a passagem da procissão, onde as mulheres, transportando os ditos açafates à cabeça, eram acompanhadas do marido (irmão) com a sua opa vermelha, vara vermelha na mão e fita da irmandade no lado esquerdo da lapela do casaco, rumo ao adro da Igreja. À chegada, no adro, eram colocados os açafates com as rosquilhas em duas alas, a partir da porta da copeira – Império - ou casa do Senhor Espírito Santo, onde seriam benzidas. Depois da bênção do pão, dada pelo padre da freguesia a toque dos foliões, principiavam a ser retiradas pelos irmãos, dos açafates em igual número, e enviadas em varas vermelhas, que depois de fechado o corte iam sendo distribuídas por todos os presentes, menos aos irmãos que não podiam receber para que não faltassem rosquilhas no império, pois isso seria uma grande vergonha para a freguesia. Para estes, só ficavam as que restassem nos açafates.
Entretanto, as filarmónicas tocavam para animar a festa, uma de cada vez, enquanto os músicos das outras, passeavam pelo arraial que ajudavam a abrilhantar com as suas lindas fardas brancas, alguns deles fazendo até grandes conquistas. Acabada a distribuição das rosquilhas, mais um copo e, cada um para suas casas esperar a próxima Terça-Feira do ano seguinte.

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